quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Homofobia: Criminalizar ou não?


O grupo de Sexismo e Homofobia alterou o encontro da presente semana para o Seminário “Esquerda Punitiva e Tutela De Direitos Humanos” que aconteceu no 2º andar da Congregação, sob realização do Projeto Casa Verde. O painel das 17h discutiu sobre a criminalização da homofobia e contou com os participantes Orlando Zaccone D'Elia Filho, Mestre e Doutor em Direito pela UFRJ e delegado de polícia no Rio de Janeiro e Marcelo Maciel Ramos, Mestre e Doutor pela UFMG e professor da Casa.
Contando com dois debatedores brilhantes e bem articulados, o público presente foi agraciado com a exposição e problematização do tema, que promete permanecer nos discursos acadêmicos e sociais pelos próximos tempos. De um lado, o professor Marcelo Maciel defendeu a criminalização, enquanto o delegado Orlando Zaccone explanou sua posição contrária.  O presente texto objetiva mostrar alguns pontos do diálogo para os leitores do Blog que se interessem pelo tema e sobre como é discutido no Grupo, sem a pretensão de contemplar inteiramente tudo exposto no rico diálogo entre as partes.
O debate se iniciou com o professor da Casa, que elencou motivos sobre porque a homofobia deve ser criminalizada, definindo o campo de atuação do preconceito e o que ele causa numa sociedade que não o estigmatiza. A homofobia perpassa o nosso cotidiano muitas vezes despercebida. Pode ser refletida no ódio discursivo, na violência e na negação de direitos oferecidos à população minoritária, não necessariamente atacando homossexuais, mas qualquer um que seja confundido com um ou até mesmo que apresentem características que supostamente podem ser atribuídas ao grupo. Problematizada a questão, foram expostos os números crescentes da violência no Brasil e a necessidade de combate, anunciando o silêncio do Direito para o tema, que abarca diversos crimes de preconceito, como o racismo, mas “esquece-se” da homofobia. Dada essa constatação, tem-se que o grande estigmatizado no País é justamente o homossexual, que vê seus direitos sendo ofendidos sob a égide de uma suposta liberdade de expressão(confundida com liberdade de opressão) e da legitimidade Religiosa, que é a principal expoente da discriminação homofóbica. Em uma lei para criminalizar a homofobia, esse estigma justamente se inverte: o estranho, o fora-da-lei, o desonrado deixa de ser o homossexual e passa a ser o homofóbico. Sem pretensões de acabar com o preconceito, mas dar ao oprimido o empoderamento que hoje é do opressor.
Logo após, o Dr. Orlando Zaccone iniciou sua explanação abolicionista. Para o debatedor, o sistema penal deve ser a última alternativa para se acabar com uma discriminação e que historicamente recorrer ao sistema carcerário sempre foi uma falha. Os meios do opressor realizar seus atos já estão codificados em crimes como a injúria e o homicídio. Para o expositor, a criminalização da homofobia individualiza a discriminação, levando todo o mal do preconceito para a figura do indivíduo acusado, acarretando dessa maneira na despolitização do debate sobre a homofobia, que perpassa não apenas na agressão ou na injúria, mas num preconceito sistemático e que abrange muito mais questões do que as passíveis de serem criminalizadas. Ao passo que se criminaliza uma conduta, a vítima se retira do processo e o lesionado passa a ser o Estado que, empiricamente, não protege o ofendido e nem tem a competência de simbolizar uma luta, mas apenas se vinga do infrator, de maneira muitas vezes cruel. Dentre as formas eficientes de se combater a homofobia, recorrer ao sistema penal não é uma alternativa na opinião do Doutor, pelo fato de este não fortalece o debate, mas acaba com a politização e cria novas vítimas ao invés de realizar o contrário. Sendo impossível não associar a luta da criminalização da homofobia com a de outros preconceitos, foram apresentadas as questões de que um maior encarceramento nunca trouxe, em nenhum lugar do planeta, maior segurança ou proteção a grupos minoritários. Ao invés de expandir o Código Penal, deveríamos buscar alternativas como a inclusão de direitos sociais e a legalização do casamento gay, que parece perder espaço justamente para o tema em questão, tornando a discussão perante a sociedade muito menos eficiente.
O grupo de Sexismo e Homofobia agradece ao Projeto Casa Verde pelo convite e pelos debates tão enriquecedores que permearam nossas últimas semanas com muita reflexão. Aos leitores do Blog, o convite para participarem ativamente no próximo semestre e de um projeto de extensão a ser formado por nossos integrantes. 

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Resultado do Processo Seletivo

O Grupo de Estudos de Sexismo e Homofobia informa, abaixo, os integrantes aprovados formalmente para comporem as discussões neste semestre. Lembramos a todos que os encontros são abertos a todo o público e que são bem-vindos membros que participem como ouvintes.

Pedimos aos aprovados que mandem um e-mail de confirmação de dados, mesmo aqueles que estiverem corretos, e, para aqueles cujo dado está faltando, que também o façam.

Estamos todos muito satisfeitos e ansiosos pelos novos debates, ideias e temas que virão nos meses seguintes!

Nome: Júlia Silva Vidal
Número de Matricula: 2013020974

Nome: Vinícius Albino Gomes
Número de Matrícula: 2012009675

Nome: Fernanda Dolabella Resende
Número de Matrícula: 2013018554

Nome: Ariana Oliveira Alves
Número de Matrícula: 2013011380

Nome: Tauane Caldeira Porto
Número de Matricula: 2011009523

Nome: Fernando Porto de Sá
Número de Matrícula: 2014126423

Nome: Júlia Somberg Alves
Número de Matrícula: 2014083635

Nome: Tatiana Marcellini Gherardi
Número de Matrícula: 2009033072

Nome Matheus Vinícius Lage Sales
Número de matrícula: 2013019445

Nome: Ana Flávia Murta
Número de Matrícula: ?

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Seleção Grupo de Estudos

Abertura do Processo Seletivo 2014/2

É com prazer que o Grupo de Estudos "Sexismo e Homofobia: a discriminação e o perverso silêncio do Direito" convoca todos os interessados a participarem do processo seletivo para novos integrantes.
Os interessados deverão enviar e-mail contendo: nome completo, curso, período, número de matrículacurrículo resumido (outros grupos de estudo, pesquisa ou extensão de que faz parte e outras informações que julgue relevante) e motivo de interesse no grupo para sexismoehomofobia@gmail.com.
As reuniões acontecerão semanalmente, às terças-feiras, de 17h às 19h.
Data e local de seleção: 26/08/2014, sala 1202 do Edifício Villas Boas (prédio da pós), às 17h.

Textos para leitura:

BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo, vol. 1: Fatos e Mitos - Introdução
BORRILLO, Daniel. Homofobia. História e crítica de um preconceito - Capítulo I: Definições e questões terminológicas
Os textos estão disponíveis em: http://mmramos.com/grupo-de-estudo.html, no ícone Material de Leitura.

Quaisquer dúvidas deverão ser encaminhadas via e-mail ou nos comentários abaixo.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

O "maldito" kit gay e a fúria evangélica

Para quem nunca viu, segue uma compilação dos polêmicos vídeos encomendados pelo Ministério da Educação contra a homofobia, lesbofobia e transfobia na escola. O kit chamado "Escola sem homofobia" acabou ficando conhecido como kit gay e foi abandonado por pressão de deputados da bancada evangélica. Segue uma compilação dos três vídeos:


Vejam o que diz o Deputado Jair Bolsonaro sobre o que ele chama de fundamentalismo homossexual.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

1o Colóquio sobre (in)visibilidade Trans

Acontece hoje, às 17:00 na Faculdade de Direito e Ciências do Estado da UFMG, o 1o Colóquio sobre (In)visibilidades Trans: Direitos Humanos e enfrentamento da violência. Não é preciso se increver. Apareça!

quinta-feira, 20 de março de 2014

Participantes do Grupo

Aos membros do grupo, gentileza informarem nos comentários o nome completo, número de matrícula, período e email. Até a próxima quarta!

terça-feira, 18 de março de 2014

Local da seleção

A dinâmica de seleção dos participantes do grupo será realizada amanhã dia 19/03 às 17:00 na sala 701 do prédio da graduação da Faculdade de Direito da UFMG.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Novas informações sobre a seleção para o Grupo de Estudo

Em função de alguns percalços burocráticos e da dificuldade em encontrar um espaço disponível na Faculdade de Direito da UFMG para o funcionamento do grupo, a dinâmica de seleção de membros fica adiada para a próxima quarta-feira, dia 19/03, às 17:00 (sala ainda a definir).

Desse modo, aos interessados, as inscrições para a seleção continuam até a próxima segunda-feira, dia 17/03. Basta, para tanto, postar um comentário de até 5 linhas nos dizendo porque você deveria fazer parte do grupo.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Seleção dos participantes do grupo de estudos

Mais de 70 manifestações de interesse! 

De início, gostaria de dizer que todo esse interesse me alegra e me estimula profundamente. Porém, deparo-me com um problema de caráter quase filosófico: como discriminar, digo, selecionar participantes de um grupo que se propõe a estudar justamente as contradições da discriminação? É claro que poderíamos apelar para o discurso do mérito ou para o do interesse e utilidade futuros do próprio grupo que se formará ou, ainda, para o estabelecimento de um sistema de ingresso absolutamente objetivo e isento. Mas, em se tratando de um tema para o qual devo me declarar "integramente parcial" (em toda a extensão e ambiguidade do termo), o meu desejo é de acolhimento amplo e inclusivo, como é também o objetivo do próprio grupo de estudos: o de promover, através do esforço de compreensão dos fundamentos da discriminação, a luta contra a exclusão e a violência. 

Feitas essas considerações, proponho o seguinte: um processo de seleção de integrantes no qual os próprios interessados escolherão os colegas com os quais desejam trabalhar. Para tanto, três requisitos preliminares de participação no processo seletivo: 1) capacidade de leitura em língua inglesa, sem o que não será possível o acesso a uma importante base bibliográfica; 2) disposição efetiva para a leitura de ao menos 400 páginas por mês e para a realização de pesquisas complementares; 3) real disposição para reunir-se quinzenalmente (e até semanalmente quando o desdobrar dos debates assim o exigir).

Trata-se, é preciso ressaltar, de grupo de estudos que pressupõe uma postura pró-ativa de seus membros, o que exige tempo, empenho e disposição. Portanto, não recomendado para os que participam de outros grupos de estudo (salvo os com conexão evidente com o nosso) ou para os que se encontram sobrecarregados de atividades. 

As reuniões terão lugar às quarta-feiras entre 17:15 e 19:15 (o horário exato fica a depender dos espaços disponíveis). Este é efetivamente o único dia da semana em que estarei disponível. Aos que participam do grupo que estuda feminismo, apesar da conexão dos temas, lamento não poder mudar o dia. De todo modo, podemos pensar em formas de somar esforços eventualmente e de promover algumas atividades comuns. 

A dinâmica de seleção será no dia 12/03/2014 às 17:30 em local a ser definido. Aos que atendem aos pré-requisitos estabelecidos acima, peço a gentileza de confirmarem até o dia 06/03/2014 a presença na seleção, postando no espaço de comentário, em até 5 linhas, as razões pelas quais nós precisamos de você no grupo "Sexismo e Homofobia: os fundamentos religiosos da sujeição e da discriminação". Assim, vamos, desde já, formando nossa opinião.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Chamada de interessados

O objetivo inicial deste grupo de estudos é promover uma investigação e um diálogo crítico sobre os conceitos de sexismo, homofobia, sujeição e discriminação. A ideia é estabelecer uma programação de leituras e debates no entorno dessas noções, buscando nos discursos religiosos (sobretudo os do cristianismo) os seus fundamentos ou as suas justificativas intelectuais e ideológicas. O que se quer é explorar e enfrentar os argumentos desses discursos de sujeição e discriminação, bem como as suas consequências e suas incompatibilidades com os princípios do Estado Democrático de Direito. Nesse sentido, será importante promover um levantamento de dados sobre a violência e a marginalização social, política e jurídica de mulheres e homossexuais na história e na atualidade, bem como um reflexão sobre os próprios fundamentos do Estado de Direito.

Os interessados em participar do grupo devem manifestar seu interesse até o dia 26/02/2014, deixando no espaço de comentários as seguintes informações: nome completo, email e ocupação (curso e período).

Uma primeira reunião será marcada na segunda semana de março para uma primeira conversa com os interessados.
 
O grupo se reunirá quinzenalmente a partir da terceira semana de março na Faculdade de Direito da UFMG.